Ao longo dos anos, as razões
para lutar contra o capitalismo foram aumentando, a ética foi cedendo espaço
para a ideologia. Lutar contra a miséria passou a ser um subproduto da luta
pelo socialismo.
O mundo deu
muitas voltas. Caíram barreiras, referências, mitos e muros. A História não
coube em teorias. As teorias negaram suas promessas. O capitalismo continuou
produzindo miséria, mas o socialismo avançou sem conseguir eliminá-la. Os
sistemas protegiam seus sócios e eliminavam os demais. Depois de 100 anos de
socialismo e capitalismo, a miséria no mundo aumentou, a economia
transformou-se num código de brancos e numa fábrica de exclusão racionalizada.
Nos anos 90, aprendemos que,
em sessenta anos de industrialização, o Brasil havia gerado três categorias
sociais - ricos pobres e indigentes. É como se elas habitassem países
diferentes. Existe a minoria rica, branca, sofisticada, formando uma sociedade
mais ou menos comparada com à do Canadá. Tem a maioria pobre, negra, silenciosa
e resignada, do tamanho do México.
O que era a luta contra o
capitalismo para atacar a miséria passou a ser a luta contra a miséria para
conquistar a democracia.
De: Gustavo Andrade
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