Edvaldo
Silva tem 26 anos, 26 anos de lutas e sofrimentos, ele teve uma infância
conturbada, pois seu pai largou a família, e ele acabou assumindo o papel de
homem da casa aos 11 anos de idade, tinha a vários irmãos e irmãs que foram
levados pela droga e pelos crimes, sua mãe vendia o corpo para o sustento da
família, pois ela, nem ninguém da vizinhança tinha preparação profissional, no
passar dos anos a mãe de Edvaldo descobriu que estava com AIDS e acabou
morrendo logo, por não ter estrutura de saúde. De ai em diante era Edvaldo
sozinho na cidade de São Paulo, ele preferiu não entrar no caminho das drogas
durante a adolescência. Porém ele gastou o tempo que deveria estudar com outras
coisas, ele cuidava da família e acabou ficando sem tempo pra estudar, ou seja,
ficou sem estrutura profissional e acabou nas ruas até porque, o mundo é dos
mais espertos.
Quando
Edvaldo chegou às ruas, o uso das drogas foi inevitável, ele tinha 22 anos e
não via solução para a sua vida, não buscou nenhuma ação, só ficava debaixo de
um viaduto pedindo esmola. Todas as noites ele recebia uma visita de um grupo
anônimo, que conversava com ele, dava comida, o consolava e no final sempre o
chamava para um lugar, um lugar, que segundo o grupo, iria transformar a vida
de Edvaldo. Edvaldo nunca acreditou, era sempre desanimado, se passaram três
anos nessa rotina monótona.
Certo
dia, Edvaldo estava numa tarde deitado e passou um ônibus em alta velocidade
que deixou cair um panfleto, o panfleto saiu voando e parou bem na frente de Edvaldo,
ele por sua vez o pegou, mas não sabia ler... Chamou uma pessoa que passava na
hora e a pediu pra ler, e a pessoa então leu, dizendo: “Tenha fé, tenha
esperança... Ainda há uma saída”, Edvaldo agradeceu e começou a fazer uma
reflexão sobre aquilo, até que dormiu e acordou com o grupo o chamando, ele
acordou assustado, mas logo se acalmou. O grupo deu comida, conversou com ele e
no final o chamou para o lugar novamente, um rapaz novinho ainda falou: “Tenha fé!”,
então ele se lembrou do panfleto e acabou aceitando a proposta.
Edvaldo
passou um ano se recuperando, de tudo que passou e de toda miséria, hoje ele
tem 26 anos, e faz parte do grupo anônimo que salvou sua vida, eles passam a
noite toda nas ruas, auxiliando e mudando a vida dos moradores de rua de São
Paulo.
De: Gustavo Andrade